A Perda da Fé
A visão mais turva, suja
Deixa que eu mesmo piso na uva
Sei que irá curar o desalento
Muito mais fácil deixar cair, dos olhos, uma chuva
Cansei de levantar, para o céu, as mãos
Engasgo com o medo, ébrio e hipocondria
Supre a dor com o comprimento de um comprimido comprido
Levanta e não cai de joelhos ao chão
Dizem que um Deus te ama
O resto do mundo não
Todos os elos dessa corrente
Foram tomados pela ferrugem
Águas só me molham, aos outros, ungem
Palavras incertas, ditos incoerentes
Com os nossos cabelos ao vento
Que acabam levando a vida
Uma partida fez-se momento
Para um lugar bom será sempre bem vinda
Como sabemos dos nossos erros
Como fingimos indiferença
Como negamos todos os zelos
Como sofremos com nossas crenças
Dedão nas orelhas, mãos espalmadas e línguas a mostra
Armado o circo, chamamos os santos
Com olhos cegos, soltem seus prantos
Eu perdi a fé, quero uma forra.
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